domingo, 6 de março de 2016

«Espera» - Sophia

[é tarde, num domingo só de trabalho; é tempo de Envelopes - última Série ...; - de três Gavetas do COMP. surgiram conjuntos de poemas de Sophia - V. já não se lembra para que «efeito» terá sido ...]

ESPERA

Deito-me tarde
Espero por uma espécie de silêncio
Que nunca chega cedo
Espero a atenção a concentração da hora tardia
Ardente e nua
É então que os espelhos acendem o seu segundo brilho
É então que se vê o desenho do vazio
É então que se vê subitamente
A nossa própria mão poisada sobre a mesa

É então que se vê o passar do silêncio

Navegação antiquíssima e solene


Sophia de Mello Breyner Andresen,  Geografia, 1967